Poção mágica para verdinhos!

Quem aqui não conhece uma ou algumas crianças que detestam comer os temidos verdinhos?

Eu mesmo fui uma delas. Eu comecei a comer espontaneamente minhas primeiras hortaliças coloridas aos 17 anos. Antes disso, passei pela tradicional obrigação de provar os alimentos ao som de: “só vai sair da mesa se comer todo o agrião”. Resultado? Comi, passei mal, tive febre e nunca mais na vida coloquei um agrião na boca.

A ciência buscou uma explicação para a natureza dessa defesa que geralmente as crianças apresentam a partir dos 2 anos. Acredita-se ser uma herança genética de proteção, pois nossos ancestrais, enquanto bebês que aprendiam a andar, começavam a explorar o ambiente e era temido que eles comessem alguma planta venenosa, pois ainda não eram capazes de identificar as comestíveis.

Outra suposição é de que não havia interesse em comer os verdinhos, pois as plantas não são fontes de gordura e açúcar, e os primatas necessitavam acumular calorias.
Assim, os estudiosos entendem que as crianças pequenas rejeitam esses alimentos por herança genética e que cabe aos pais e cuidadores ensinarem aos pequenos quais hortaliças podem e devem ser consumidas.

Mas como trabalhar a aceitação destes alimentos mais amargos? A primeira medida é trabalhar todos os grupos alimentares na introdução alimentar do bebê e seguir, com a orientação do pediatra ou de preferência de uma nutricionista, oferecendo nas refeições uma variação de tipos e de preparos de legumes e verduras. Evitar o açúcar e os alimentos adoçados até os 2 anos de idade, por questões de saúde e também pela formação do paladar infantil.

A criança já está grandinha e ainda não come os tais verdinhos? Como no meu próprio exemplo, no começo do texto eu reforço aqui: Nunca force uma criança a comer. Aliás, nunca obrigue ninguém a comer.

Trabalhe a aproximação lúdica. Uma dica que pode funcionar bem é fazer junto com a criança uma poção mágica para tirar ou disfarçar o amargo das folhas. Prepare um molho especial (as receitas completas estão logo abaixo) a base de mel e mostarda, ou de iogurte, hortelã e pepino ou mesmo shoyu, aceto balsâmico e cacau. Inventem e brinquem com a história de como uma bruxa vai transformar essa criança em uma comilona de alfaces. Aqui em casa vale até vestir o chapéu da bruxa.

Depois de muita feitiçaria no caldeirão mágico, escolha uma bisnaga, uma molheira ou um potinho que seja só da criança para ela ter a autonomia de temperar a sua própria salada.
Sim, ela vai se lambuzar nas primeiras vezes, seja firme e gentil, diga que a bruxa não gosta de desperdício, e que ela precisa usar com bom senso a poção mágica.

Por que usar a imaginação e brincar no preparo? Você já reparou como a indústria utiliza desse recurso para vender ultraprocessados às nossas crianças? Eles inventam de tudo nas embalagens e nos brindes. É uma disputa desleal comparar a oferta de um prato de alface com uma embalagem de nuggets daquela turminha.

Gostou? Envie esse link para alguém que vai adorar saber dessas dicas, e depois conte pra gente como foi a sua experiência.


Fonte:
BBC News Brasil
https://www.bbc.com/portuguese/geral-42610895
Acessado em: 15 de janeiro de 2021