(Publicado originalmente em 23 de maio de 2020)
Está difícil saber o que sinto hoje. Já venho de um trabalho pessoal de viver o hoje, o agora, e apenas o agora. Mas estamos acostumados a nos planejar. E amanhã, o que farei? E quando penso nesse amanhã, por vezes, vejo caminhos possíveis, vejo luz no fim do túnel. Hoje, porém, vejo um breu.
A saudade do colo da minha mãe é terrível. A vontade de estar com aqueles que pensam igual a mim me engole por dentro. Da forma que estou, parece que tenho que concordar com os caminhos que esta sociedade está pressionando a seguir. E demorei a entender isso.
Já tive dias em que me senti super bem, com a família reunida. Acreditei que a sociedade estava vendo os erros que cometeu, seja por uma relação de destruição com a natureza, seja por uma relação de egoísmo com o ser humano próximo. Acreditei que o vírus havia nos mostrado que somos iguais e que podemos gerar uma tragédia, independente da classe social. Afinal, essa pandemia começou por ricos que se dizem saudáveis e têm o privilégio de uma vida urbanizada e com saneamento básico.
Hoje, vejo a crise política tomando conta de nossas vidas. Números falsos publicados para mais, em certas ocasiões, e para menos, em muitas outras, que nos fazem não sabermos em que acreditar. Pessoas desesperadas com sua fonte de renda e em como farão para alimentar suas famílias se a economia não voltar a girar imediatamente. Ao mesmo tempo, essas mesmas pessoas acreditam que população está pronta para se proteger contra um vírus que se propaga numa velocidade nunca vista, lotando os hospitais e matando a quantidade de pessoas que estamos vendo. É muita contradição!
Sei que essa crise vai passar. Eu tenho fé em Deus e sei que ele quer o melhor para seu povo. Mas percebo a dificuldade de se viver em uma sociedade tão dividida, liderada por interesses econômicos exclusivos e individuais, em um País sem assistência a sua população. Honestamente, acho que essa é a pior crise que estamos vivendo e não a pandemia.
A emoção de hoje fica ainda na insegurança do amanhã. Mas fica também na esperança de que no amanhã possamos ter uma liberdade possível para todos.
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