Conheci o básico do método Montessori quando estava grávida. Uma amiga minha também falava bastante sobre isso, pois aplicou algumas técnicas no quarto da bebê dela e sempre comprava algum brinquedo relacionado. Mas, se nessa época, me perguntassem "o que significa o método Montessori?", provavelmente eu responderia "são algumas adaptações que se faz no quarto e alguns brinquedos específicos que estimulam a independência e autonomia do bebê desde muito cedo".
Minha resposta pode até ser parte da metodologia montessoriana, mas eu estaria sendo injusta resumindo esse método tão incrível à uma descrição de "quarto adaptado e brinquedos". Por isso, 3 anos depois do meu primeiro contato com o método, resolvi escrever sobre ele com o objetivo de que mais pessoas busquem ampliar seu conhecimento sobre essa forma gentil e respeitosa de educar nossas crianças.
É impossível falar sobre o tema sem mencionar a pessoa responsável por ele, a Maria Montessori, educadora, médica e pedagoga italiana, que revolucionou a educação por volta de 1901. Sim, já havia alguém que acreditava (e comprovava) a educação afetiva desde antes do século passado, alguém que acreditava nas crianças e que as enxergava como um indivíduo na igualdade. E como será que de la até aqui evoluímos tão pouco? Incrível pensar que passamos mais de um século ainda sem concretizar tais mudanças que são essenciais na educação.
Bom, agora temos internet e, então, chega de desculpas! Temos acesso a toda informação. Então vamos la, diretamente ao ponto com os seis pilares de Montessori:
1. Autoeducação: no método Montessori há confiança na criança. Com materiais adequados e liberdade de tempo para repetição, a criança aprende com seus próprios erros, observando, testando, tentando de novo, etc. No seu tempo, do seu jeito.
Exemplo prático: eu sei que é mais rápido você vestir a criança do que esperar que ela tente, mas pense que você economizará tempo à médio prazo: a criança demorará o dobro do tempo para aprender a se vestir se vc nunca permitir que ela tente sozinha.
2. Educação Cósmica: é por aqui que podemos transmitir conhecimento seja através de perguntas ou seja através de histórias, mostrando sempre o interesse pelo mundo e universo. Estimular a curiosidade natural das crianças para melhor conhecer e respeitar nosso mundo.
Exemplo prático: que tal utilizar historinhas ou músicas do porquinho e do cabritinho para explicar o porquê da importância de reciclar o lixo ou algo da nossa história como o impacto da escravidão, por exemplo. A criança não se importa se vc é afinado ou não, nem se a historinha tem final feliz ou a deixa refletindo. O que importa é a concentração dela no que você tem para falar. Se faça ouvir de forma lúdica para que faça sentido para eles, ou seja, utilize a linguagem da criança.
3. Educação como ciência: se baseia na ideia de que, observando as ações da criança, descobrimos o que a ajuda no seu desenvolvimento focando em seu equilíbrio interno e bem-estar. É o observar e o refletir antes do agir durante a educação.
Exemplo prático: minha filha gosta de tirar todas as latas que temos na dispensa para empilhar e fazer torres maiores do que ela ou então para usar de batuque. Não tem problema nenhum nisso. Ela se concentra para isso, se esforça para conseguir colocar a imaginação dela em prática. Está se desenvolvendo. Eu só interfiro se, por exemplo, ela começar a bater as latas no chão ou se quiser abrir para brincar com a comida. Observe e só interfira se realmente for necessário.
4. Ambiente Preparado: permitir que esteja ao alcance da criança tudo de que ela precisa para se desenvolver e que seja essencial para sua independência.
Exemplo prático: se não for possível ter toda a adaptação para a altura da criança, prepare um banco (que seja seguro) para que a criança consiga auxiliar nas atividades na pia, acender e apagar as luzes, lavar as mãos, etc. Sem precisar toda vez que o adulto a levante para alcançar algo.
5. Adulto Preparado: para que os demais pilares sejam possíveis, é necessário que o adulto haja como guia/observador, ajudando o mínimo necessário, para que seja possível a evolução da criança à seu tempo e maneira.
Exemplo prático: naquele momento em que você deu uma ordem (hora do banho, por exemplo) e a criança respondeu com toda a confiança do mundo "não", ela não está te desafiando. Lembre-se que ela não tem sistema emocional e cognitivo 100% preparados e seja genuinamente o adulto da situação. Procure a raiz da resposta (ela pode estar no meio de uma brincadeira, respeite e dê alguns minutos ou diga que finalizando terá que ir para o banho), explique, demonstre, não faça perguntas que confundam as crianças (do tipo "não acha que já brincou bastante?"). Elas precisam de orientação: escolha um boneco para tomar banho com você assim que você terminar esse jogo (ou daqui 5 minutos).
6. Criança Equilibrada: ajudar a criança a alcançar a concentração, pois é aí que a mente e o corpo andam juntos na vontade e na ação. O resultado é um estado mental de alegria e prazer gerando autoconfiança, independência e iniciativa.
Exemplo prático: a criança nasce com foco único, ou seja, se ela pega um objeto que faz barulho, é nela que ela está prestando atenção. É por isso que não é indicado alimentar a criança enquanto ela assiste tv ou puxar um assunto ou chamar a atenção no meio do quebra-cabeça que ela está montando. Corta o raciocínio e, consequentemente, a aprendizagem.
Pensando na educação da criança, que aprende basicamente pelo exemplo e repetição, eu questiono: Por que nos achamos no direito de tratar uma criança diferente do que trataríamos um adulto? Por que o tom de voz mais elevado? Por que a ordem que não pode ser questionada ou ao menos justificada? Por que "minha casa, minhas regras" se esse também é o lar da criança? Por que a criança deve respeitar nosso tempo, mas nós nunca observamos o tempo delas? Por que se achávamos tão ruim ser tratados assim, faríamos o mesmo com nossas crianças?
Ainda, pensando no desenvolvimento e independência da criança, será que elas precisariam mesmo de tanto auxílio se o ambiente fosse preparado para recebê-las? Minha filha sabe lavar as mãos sozinha, mas não alcança a pia. Ela consegue vestir o sapato sozinha, mas nem sempre eu tenho a paciência de esperar. Ela sabe exatamente a roupa que quer colocar, mas o armário é alto demais para que ela enxergue as opções.
Após estudar um pouco sobre o método Montessori, não foi difícil identificar as pequenas adaptações que eram necessárias para que ela conseguisse sua independência já tão nova. Fizemos mudanças nos ambientes para que ela possa fazer parte das atividades do nosso dia-a-dia com a menor interferência (nossa) possível. E como ela evoluiu nessas poucas semanas em que escolhi ser mais observadora do que ativa!
Adiei até aqui a ida da minha filha à escola (Lais já completou 2 anos), pois sempre pensei "não há o que ensinar já que ela não está em idade de alfabetização, seria desperdício de dinheiro e de tempo longe dela". Depois que pesquisei sobre escolas montessorianas tudo teve um outro sentido para mim. Não só é uma fase em que há muito o que aprender, através da autoeducação, como talvez seja a fase mais importante para isso já que não há outro foco senão o comportamental e de experiências. Havendo o devido acompanhamento e estímulo, de fato, a escola se torna uma extensão do lar.
Busque conhecer as diversas metodologias de educação que estão à nossa disposição. Se utilize de técnicas no dia-a-dia, não vá apenas pelo instinto pois ele falha (temos dias bons e ruins, situações corriqueiras e também as que merecem atenção). Informe-se sempre! Pergunte nas escolas que visitar qual base utilizam no ensino. Pode não parecer, mas ter esse alinhamento lar x escola faz toda a diferença no desenvolvimento dos pequenos.
O que encontrei por aí?
Livro: A Criança
Autora: Maria Montessori
Data da primeira publicação:1941
Plataforma: Lar Montessori
Criador: Gabriel Salomão
Especial Aniversário ^^
Estamos comemorando 1 ano de registro de nossas histórias e temos muita gratidão por poder compartilhar com você. Esperamos que nossas histórias possam te ajudar a vencer os seus desafios. E se você quiser compartilhar a sua experiência com a gente, ficaremos imensamente felizes por isso!
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