Durante a gravidez me perguntavam se eu estava preparada para ser mãe e se eu iria gostar mesmo. Apesar de eu ser ansiosa, essa não era uma questão que me preocupava. Eu pensava que seria algo que de alguma forma aconteceria naturalmente, já que não existe curso para ser mãe e já que a maioria das pessoas passavam por isso e tudo dava certo.
Fiz tudo o que me indicaram na gravidez: Eu cantava para meu bebê, eu comprei um colarzinho que diziam que daria para ouvir de dentro da barriga, eu conversava sempre com o bebê, colocava música próxima à barriga, fazia carinho, etc.
Só que, como eu já previa, esse vínculo entre mãe e filha não aconteceu magicamente junto com meu parto. E claro: isso explica a incrível ligação entre mães e filhos adotivos. Ela existe simplesmente pois não existe dom materno. O que existe é amor materno. E o que o amor nos exige? Paciência, cumplicidade e auto aceitação.
A chegada de um bebê é muito conturbada! Muda a rotina, o corpo, os espaços, é uma caixinha de surpresas. A verdade é que não podemos ter certeza do que está por vir até que aconteça. Talvez essa seja a razão de não existir preparação para futuras mães: não devemos criar expectativas em cima de algo que não podemos prever.
Agora, imaginem os dias de cão do bebê quando sai da barriga! Antes tudo era silencioso, escurinho e quentinho. De repente: luz, barulho, o ar entrando pelas narinas, roupas, vacinas, estímulos e mais estímulos...
O vínculo nasce com o passar dos dias, ao conhecer e entender (ou não também..) aquele novo serzinho que chegou para mudar tudo. Da mesma forma, o bebê também começa a perceber e reconhecer que é cuidado por alguém e que se sente acolhido quando ninado, por exemplo.
Meu conselho é: Não espere criar vínculo sem estar presente, sem esforço, sem cuidado. O dom materno que falam tanto, só vem ao conhecer seu filho e entender só por um olhar que algo não está bem.
Na minha experiência, o vínculo foi crescendo cada dia mais. Penso que se ele já existisse desde o nascimento, não haveria espaço suficiente para crescer como cresceu. É preciso preservar o espaço para nosso auto cuidado e nossa história para que possamos aos pouquinhos ir passando e ensinando tudo à eles.
E lembrem-se: também estamos aprendendo a ser mães. Se aceite. Se errar, tente de novo. Se falhar, peça desculpas. São ótimos exemplos a serem mostrados.
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