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Marina Oliveira

Dias Daqueles: Os Dois Anos


Minha filha adora a Peppa Pig. Tem um episódio em que o bebê Alexander acorda de madrugada chorando e os pais dele ligam o aspirador e tocam trombone, acordando todo mundo. Segundo eles, o barulho é a forma que encontraram do bebê dormir rapidamente. O Papai Pig então diz que isso é loucura e que, o que funcionava para o irmãozinho da Peppa dormir, era andar com ele no carrinho 50 vezes em volta da casa.

Ah claro! Como se isso não fosse loucura, não é mesmo?


O que importa é que me identifiquei tanto com esse episódio! E me senti menos doida. Por esses dois anos, já teve muita loucura por aqui (além de me identificar com o episódio da Peppa Pig), principalmente para fazê-la dormir ou para não acordá-la. Lembro de eu ter mencionado a introdução alimentar como sendo, até então, o momento mais desafiador da minha maternidade. Por isso, resolvi escrever sobre os dois anos da Lais: sem dúvida, esse sim está sendo o maior desafio até agora!


Adivinhem só: Deu a louca na minha filha! Ela grita do nada tão alto que acho que não tenho mais tímpanos e de um jeito que fico esperando bater polícia na minha casa, pois com certeza alguém vai chamar. Ela sempre quer alguma coisa e naquela hora, sem espera. Se ela consegue, já quer outra coisa em seguida. Se não consegue, grita, grita muito, muito alto e nada faz parar. Uma vez que começa a gritar, não adianta tentar nada pra parar. O jeito é esperar ou fazer tentativas desesperadas de entender o que acontece, qual o gatilho, o que fazer pra ela parar ou voltar pra barriga, que seja!


Escovar o dente é o equivalente a arrancar um dedo dela. Parece tortura! É uma luta! E imaginem: três vezes por dia! Ao final do dia, me sinto no meio da guerra, voltando de uma batalha para iniciar outra amanhã.


Muitas mães me contam que vivenciaram isso logo após o nascimento: sentimentos misturados de frustração, de alegria, de desespero, de raiva, de tristeza, de amor...

É isso que eu sinto nessa fase. Tudo isso. Junto com uma total falta de saber o que fazer. Me sinto insegura e perdida. E como me sentindo assim posso fazer minha filha ter segurança e acolhimento?


Respiro fundo. Coloco o sorriso no rosto e tento de novo. Calma. Paciência. É só uma fase como todas as outras, mas talvez uma das mais importantes: junto com todos os desafios que ela e eu enfrentamos todos os dias, percebo que ela começa a buscar sua independência e tem tantos obstáculos a serem superados pela frente como o desfralde, largar chupeta, mamadeira, a fala, a escola e até a pandemia! Cada um desses passos a tornam mais forte e a cada dia ela está mais evoluída do que no dia anterior. Saber que sou parte disso é o que me move com muito carinho e orgulho.


Ela precisa de mim, mas não só de mim. Precisa da minha segurança, assim como eu. Precisa do meu direcionamento, ainda que vá andar com suas próprias pernas e no seu próprio tempo. Precisa do meu exemplo mas sem expectativas.


Ah, as expectativas...


Acho que é disso que preciso me livrar. Minha expectativa era que tudo ficaria melhor com o passar do tempo, mas não é tão simples assim: a vida é feita de altos e baixos, não é uma progressiva. Os obstáculos estão por todo o caminho e eles que nos fortalecem. Se não fossem os espinhos, não saberíamos apreciar as flores, não é mesmo?

Minha dica: no momento da "birra", olhe dentro do olho do seu filho. Tente. Parece que o tempo para nesse momento e tudo fica mais claro.


Post publicado originalmente em 31 de agosto de 2020.

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