Em pleno século XXI, infelizmente, ainda é muito comum o pensamento de que a mulher deve escolher entre educar os filhos ou trabalhar fora. E que, caso tente realizar as duas tarefas simultaneamente, alguma delas não terá a atenção devida e pode ser que a mulher falhe e se sinta frustrada. Eu mesma por muitas vezes me questionei, na hora em que decidi ser mãe, se não era o momento de mudar a carreira de forma que tivesse maior flexibilidade já que, provavelmente, eu não renderia tanto quanto antes.
Eu estava errada. Além disso, pensando dessa forma, o preconceito começava ali, na minha própria cabeça de vítima.
Me tornar mãe não deveria ser motivo para questionar minha competência profissional e muito menos a vontade de continuar minha carreira que tanto lutei e investi para conquistar.
Apenas com isso em mente, eu teria a segurança necessária para enfrentar possível preconceito vindo de fora e colocar na mesa questões que muitas vezes são deixadas de lado, apesar de serem aquelas realmente importantes, como: Por que é esperado que a mãe sempre esteja na hora de buscar o filho na escola? Por que a mãe deve estar em casa no jantar, mas o pai nem sempre é necessário? Por que a mãe é quem cuida e leva ao médico? Por que a mãe é a desleixada se deixa louça por lavar? Por que o pai que faz alguma dessas tarefas anteriores é tão admirado enquanto que ver uma mãe nelas é só...normal?
É papel das empresas oferecer recursos para que as mães consigam conciliar a maternidade com a carreira.
Uma pesquisa feita na Universidade Stanford mostrou que as chances de uma mulher sem filhos ser contratada é 80% maior do que a de uma mulher com filhos com o mesmo currículo.
Ainda, o simples fato de ser mulher já faz grande diferença no mundo dos negócios.
O estudo conhecido por "Heidi&Howard" apresenta um experimento realizado em 2003 com estudantes da Harvard Business School, onde o caso de uma empresária de sucesso foi apresentado aos alunos. Foi dito para metade dos alunos que o nome da empresária era Heidi (uma mulher) e à outra metade que era Howard (um homem). Solicitaram então aos alunos que dessem suas impressões sobre eles. Por fim, embora avaliassem ambos como competentes, Howard apareceu como um colega mais agradável e interessante. Por outro lado, Heidi foi definida como egoísta e não o tipo de pessoa que se contrataria ou gostaria de trabalhar. A única diferença entre o perfil apresentado de Heidi e Howard foi o gênero.
Por aí, vemos que não é a toa que o número de mulheres em cargos de diretoria é tão menor do que o de homens.
É papel do pai participar tão ativamente da maternidade e das tarefas domésticas quanto à mãe para que ela consiga se dedicar também à sua carreira.
A participação dos homens nos lares vem crescendo, é verdade. Contudo, uma pesquisa do IBGE de 2019 indica ainda que 92% das mulheres realizam atividades domésticas contra 78% dos homens.
Em média, as mulheres dedicam 21 horas por semana para os cuidados da casa e isso representa quase o dobro do tempo dos homens.
É papel da sociedade enxergar a maternidade e a paternidade como algo comum, com as mesmas realizações, responsabilidades e dificuldades.
E é nosso papel cobrar isso!
Em seu livro "Faça Acontecer", Sheryl Sandberg - COO do Facebook, diz que as mulheres precisam tomar seu lugar a mesa numa referência às reuniões e conferências executivas dominadas pelo público masculino e que, muitas vezes, nos deixamos intimidar. Ou mesmo nos casos em que abrimos mão de buscar melhora em nossa carreira por achar que estamos perto de construir uma família. Adicionalmente, Sandberg também diz que mais homens devem tomar seus lugares à mesa...à mesa da cozinha neste caso.
Segundo ela, a cada dia mais mulheres estão fazendo sua carreira acontecer e, para isso, mais homens precisam fazer sua família acontecer. A sociedade precisa encorajá-los à isso, pois mais crianças precisam de ambos os exemplos para observar durante seu desenvolvimento.
Por fim, como essa mudança definitiva depende um pouquinho de cada um, acredito que por enquanto precisamos seguir o conselho desta mesma empresária "A melhor maneira de dar espaço à carreira e à vida pessoal é fazer escolhas deliberadas - estabelecer limites e respeitá-los".
Só assim também nos fazemos respeitar.
O que encontrei por ai:
Palestrante: Sheryl Sandberg
Data: 14/09/2014
Fonte: TED Talks - Porque temos poucas mulheres a liderar
Autor: Flávia Yuri Oshima
Data: 29/12/2019
Fonte: Revista Crescer
Autor: Camila Martins
Data: 01/03/2020
Fonte: Catho
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