Não sei dizer se, inconscientemente, fui vítima da pressão que a sociedade nos coloca em ter filhos. Realmente, sempre pensei num futuro clássico: namorar, casar, ter filhos. Sempre foi muito lógico pra mim. Ao mesmo tempo, não colocava um número mágico na cabeça. No geral, pensava em dois filhos, porque acho importante o papel de irmão. Ultimamente, tenho até desistido do segundo rs. A Lais já tem uma irmã, filha do meu marido, acho que uma pode cuidar da outra e está suficiente rs.
O incrível é que realmente existe a tal pressão, mas acho que tudo depende de como enxergamos esses papéis em nossa vida. Algumas pessoas podem achar que parece que nunca estão agradando totalmente as pessoas à nossa volta. Se namora muito tempo, é porque está enrolando. Se casa rápido, não sabem o motivo da pressa. Se demora a ter filho, questionam em todo encontro de família. Se tem filho logo que casa, ou casou por isso ou foi acidente ou não muito esperto de não aproveitar um casamento sem filhos.
Bom, sou casada e tenho uma filha. E agora? Com o que as pessoas vão se ocupar para me pressionar? Acho que diverge um pouco aqui a opinião alheia. Tem sim aqueles que perguntam quando vem o próximo. Amigas mamães perguntam se eu penso em ter mais filhos (nesse caso, vejo uma pergunta sincera de alguém que quer compartilhar opiniões). Contudo, tem também bastante gente que sugere que eu pare só com uma mesmo. O argumento é o gasto, a violência e claro, a irmã que a Lais já tem.
Como já comentei em outro post, nada disso vale pra mim. Eu queria ter filho, sempre quis. E isso pra mim bastava. O dinheiro, condições do país, adequação de rotina, tudo isso podemos dar um jeito. O desejo de se ter um filho ou não é o que realmente importa na minha opinião.
E claro, o mesmo vale para o segundo filho. Com uma vantagem (ou não): agora estou armada de mais material para essa decisão. O desejo não é mais apenas embasado na vontade de passar pela experiência, de formar uma família maior, de ter com quem brincar, aprender, ensinar, enfim, amar de uma forma tão diferente do que qualquer outra.
Agora o desejo depende também de uma vontade maior e um esforço de começar de novo aquilo que não é mais tão novo assim. De arriscar ser melhor ou pior. De adaptar novamente a rotina. De ter que lidar com ciúmes do irmão mais velho (já achei difícil lidar com o ciúmes da minha cachorra). De recomeçar a abrir mão novamente daquilo que finalmente estou reconquistando apenas agora e aos poucos: noites bem dormidas, saídas à sós com o marido, conseguir fazer coisas em casa além de cuidar 24h do bebê já que agora a Lais consegue se entreter sozinha.
Enfim. Ainda tenho tantos desafios com a Lais! Passamos recentemente pelo desfralde, ela ainda nem teve a primeira ida à escolinha. Ela ainda não dormiu fora (só na avó). Eu estava preparada para que ela nascesse. Não tinha experiência, mas sabia que teria diversos desafios. Se for ter mais um filho, quero estar preparada da mesma forma.
Fico pensando. Dizem que o segundo filho é muito mais fácil já que se tem a experiência do primeiro. Na minha opinião, considero que o desafio é duplamente maior. Deve ser mais difícil, isso sim! O primogênito vai continuar passando por fases que vc vai ter que lidar, ajudar, ensinar. Agora imagine, vc ter que lidar com a cólica do pequeno enquanto o mais velho fez um xixi no chão. Ou então, limpar o refluxo do bebê enquanto o mais velho está atrasado para a escola. Organizar o atraso na consulta do recém-nascido com a saída mais cedo da escola do irmão que está com febre do nada.
A sociedade que tanto te pressionou para te colocar em qualquer um desses papéis, não vai te ajudar em nenhuma dessas situações. Por isso, pode haver a pressão que for, mas eu ainda vejo esse tipo de comentário apenas como uma forma que as pessoas usam de puxar assunto rs. Não levo para o pessoal, e nem como realmente uma “pressão”, pois pressão de verdade vem com a responsabilidade que criamos quando nós decidimos por nós mesmos seguir com o caminho de gerar uma vidinha nova para esse mundo.
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