A maternidade chegou para mim em um momento de revisão de escolhas e prioridades. Minha filha foi uma escolha. Uma escolha tão pensada que veio junto com o momento que escolhi para fazer aquele up na carreira e conhecer o mundo de fazer ciência.
Quando o resultado positivo do teste de gravidez saiu, já levei aquele susto: e agora, não tem mais volta, minha escolha se concretizou! O mundo da ciência, repleto de artigos, dados e análises a serem desenvolvidos seria possível? Às vésperas do parto, estava eu em sala de aula, normalmente. Ok, com alguns enjoos pelo caminho.
Chegou a licença maternidade, e eu, acelerada como sempre, achei que seria possível adiantar a pesquisa para dissertação neste período. Ah sonho hahah Quanta coisa acontece quando nasce um filho. Ah o resguardo....ah o puerpério...ah os 4 primeiros meses !!!
Passado a intensidade de adaptação à maternidade, voltei à pesquisa. O chiqueirinho ficava ao meu lado, e entre um brinquedo e outro eu lia um parágrafo ou escrevia uma frase. Enquanto amamentava, lia um artigo, fazia uma pesquisa. E assim, lá estava ela, ao meu lado, a minha menina na minha defesa.
A maternidade é assim, parte de nós. Ainda que queiramos fazer algo além da maternidade, ela necessariamente nos acompanha. E isto não quer dizer que não possamos ser além da maternidade. Ao contrário, somos o que queremos e a maternidade nos fortalece a querer conquistar aquilo que desejamos.
Eu quero finalizar destacando algumas dessas mães que nos mostram o quanto somos capazes de chegar onde queremos:
- Marta Vanucci:é a primeira mulher a se tornar membro da academia brasileira de ciências (ABC) e foi percursora no estudo da oceanografia no Brasil. É também uma das principais responsáveis na fundação do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP), referência na América Latina, e pela construção do primeiro navio oceanográfico brasileiro. Mãe de dois filhos, reconhece o desafio de equilibrar a vida de mãe, esposa e ciência.
- Michele Obama: foi reitora associada de Serviços Estudantis da Universidade de Chicago, onde desenvolveu o Centro de Serviços Comunitário da Universidade, vice-presidente de Comunidade e Negócios Externos dos Hospitais da Universidade de Chicago e, como membro da Universidade, lutou por diversidade. Mulher independente e atuante na sociedade americana, é autora do livro que conta sua própria história e se tornou referência de liderança feminina ao se tornar a primeira dama negra da história dos Estados Unidos.
- Jacinda Ardern: Ela é a Primeira Ministra da Nova Zelândia. Foi destaque durante a quarentena em seu País por tomar medidas restritivas de impacto em acordo com os dados científicos (foram apenas 1500 casos de covid19 e 22 mortes no País) e por reduzir os salários dos próprios políticos com medida para garantir estabilidade econômica local. É mãe de uma menina desde 2018, com atuais 2 aninhos.
- Thula Pires:
doutora em direito constitucional e teoria do Estado, é coordenadora Geral do Nirema (PUC - RJ), associada ao CRIOLA e também professora universitária. Mãe de Dandara, é feminista; referência na luta contra o racismo; espaço da mulher e no estudo da ancestralidade.
- Cristina Junqueira:primeira brasileira a aparecer grávida na Capa da Forbes, é Cofundadora do Nubank e trouxe para maior revista de negócios o debate da mulher no mercado de trabalho. Ela está entre as 20 mulheres mais importantes do Brasil. Apesar de não ser cientista, ela se tornou referência para o pesquisa no tema mulher x trabalho.
- Parente in Science: esse é um grupo repleto de mães (e um pai) que traz para ciência o debate sobre maternidade e carreira. Já são responsáveis pela realização de 2 simpósios e os resultados do trabalho do grupo já são destaques em veículos de comunicação nacional.
Essas são apenas algumas mulheres que conseguiram unir a ciência como caminho pessoal para seus propósitos de vida. Ter filhos, te coloca em lugar de maior trabalho, mas também te torna ainda mais resiliente. Ciência e maternidade é possível!
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