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[Diário de quarentena] Amamentação em livre demanda. Livre para quem?

Foto do escritor: Marcela ElisaMarcela Elisa

Atualizado: 22 de jul. de 2020


Há um ano e sete meses amamento Francisco. Acho que em absolutamente nenhuma das vezes, sinto apenas uma emoção quando dou de mamar. É verdade que não tive dificuldades no começo, nem cogitei a possibilidade de não amamentar meu menino e isso me levou naturalmente até onde estou agora. No entanto, ando percebendo que os desafios estão começando. Veja, eu não tenho curiosidade de me informar a respeito dos ganhos nutricionais dando o peito até os dois anos, compro o peixe que me vendem, neste ponto. Nosso pediatra é categórico: “Criança começou a ter dente, é a biologia avisando que já é hora”. Mas eu sinto que não é só a biologia que conta nestas horas.


O que eu vejo?


Está super cansativo. Há dias, em que gostaria de colocar a roupa que me der na telha, sem me preocupar se vou precisar acessar o peito no meio do almoço. Noutros dias, também gostaria que Francisco dormisse abraçadinho comigo e deixasse meu peito em paz! Ah! E óbvio que também quero deixar um pouco de lado esses sutiãs de amamentação. Faz meses que não uso os meus só de renda, sei lá, o mamilo fica tão sensível que me dá gastura só de pensar em senti-lo raspando no tecido. Essa é a pior parte, para mim. Como eu sempre soube que a sucção não-nutritiva é benéfica para a produção de leite, deixo Chico a vontade depois que mama. Mas não nos últimos tempos. Isso é extremamente desconfortável para mim.

Certo. Então decido parar.

Já decidi duas vezes. A primeira vez, estava absolutamente exausta depois da entrega do mestrado e Francisco lá, acordando entre cinco e oito vezes por noite. Acredito que foi um dos momentos mais estressantes no meu maternar, até agora. Por duas noites, o deixei chorar de lágrimas, copiosamente. Quando chegou na terceira, ele dormiu quase oito horas direto. Sério, parecia que tínhamos tomado aquele banho de cachoeira gelado. Até consegui sorrir no café-da-manhã, sem nenhum rastro de quase cinco meses acordando madrugada afora, incontáveis noites.

Acontece, que depois de ter conseguido descansar aquele caldo mais grosso que fica grudado em nosso corpo depois de tanto tempo dormindo mal, Francisco continuou acordando, mas no máximo duas vezes e isso já é uma largo espaço de reconsideração em continuar amamentando, então, continuei. A frase que li na camiseta da Mamahood é: “Toda dia penso em desistir. Todo dia escolho continuar”. Para mim, é exatamente assim. Não sei explicar. Quando Francisco pede o peito, sinto que se ele pede, ele ainda precisa. Confio nele. E mais: se eu ainda dou, também sinto que ainda preciso. Confio em mim. Mas é cada vontade de “mudar de fase” que aparece! Nem te conto.

Se não bastasse todo esse emaranhado, ainda tem a pandemia do Covid-19. Quem aí não está passando por algum desafio, que jogue a primeira pedra. Talvez eu possa dizer que amamentar durante a quarentena me lança para um agora – tão - agora, que muitas vezes me salva da ansiedade, do medo, da imaginação. Me traz para a terra. Para a Terra. Me proporciona uma vontade proteção ao meu menino, como se só ali, naquele minuto, eu pudesse protegê-lo de algo. Nem sei se isso é certo ou errado. Para ser sincera, não estou interessada em saber. Fora que faz alguns dias, que Chico depois que mama na madrugada, vira o corpinho e deita de conchinha comigo. Eu também adoro dormir de conchinha com o Pedro e, assim, viramos o trem-conchinha. Vocês acham mesmo que vou perder essa oportunidade? Não mesmo!

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