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Estou quase com 40 e há 40 anos atrás, nascer em casa não era atrativo como atualmente. Hoje, eu vejo algum movimento, decorrente também do movimento em favor do parto humanizado, para algumas mães que queiram ter seus filhos em casa. Mas enfim, eu nasci em casa e não conheço nenhuma pessoa próxima, da minha idade, que tenha nascido em casa.
Meu nascimento foi aquela cena de filme. Meus tios (seis no total, além da minha mãe, que estava parindo) revezam o domínio para olhar pelo buraco da fechadura, enquanto meu pai viaja (ou seja, minha mãe sem o pai do filho dela), e minha avó paterna grita: essa menina vai morrer!!! Um dos irmãos da minha mãe, na época, estudante de medicina, entrou para assessorar o médico. Ao mesmo tempo, minha tia, que baixou o santo, ficou cantarolando trazendo bons fluidos para o meu nascimento (acho que funcionou). Venhamos e convenhamos, não foi qualquer parto rs!
Mas até onde sei, meu nascimento em casa não foi um acaso, mas sim uma escolha. Minha mãe tinha medo de ter a filha trocada na maternidade e não queria ir para o hospital. O médico dela, por sua vez, foi um dos precursores na bandeira do parto humanizado e aceitou fazer o parto em casa (não sei quantos ele já havia feito antes nem se havia feito). O que sei é que minha mãe fala com muito orgulho desse parto. Minhas duas irmãs mais novas nasceram com o mesmo obstetra, mas na clínica dele, em uma banheira. Eu tenho a sensação que o obstetra ficou traumatizado em participar da cena de filme com a minha família (rsrsrs). Nascer em banheira também não era comum à época. E esses partos são também motivo de orgulho da minha mãe.
Os partos foram sucesso! E até hoje são falados com orgulho, como disse. No entanto, é preciso observar alguns pontos. O fato de minha mãe ter receio de ter a filha trocada fez com que ela optasse em ter o filho em casa. Essa era a limitação dela. Ela sabia que queria ter um bebê por vias normais, mas tinha tanto receio de perder o bebê trocado na maternidade que quis distância do hospital. O obstetra que a acompanhou, por sua vez, levanta a bandeira do parto humanizado, portanto, estava com ela no desafio. A parceria estava feita. Uma vez que ela ganha confiança naquele médico, ela está pronta para encarar a clínica (que ainda não foi o hospital, mas assegurava a falta de risco da possível troca de bebês).
Minha mãe olhou para ela mesmo e, mesmo sabendo os próprios desejos, reconheceu os próprios limites. Ela também teve um obstetra parceiro, que acreditava nos mesmo valores que ela.
Sabemos que o Brasil é um País com uma quantidade de cesáreas desnecessárias. E eu entendo que o dinheiro tenha direcionado essa indústria. Mas, às vezes, o seu parto ideal não é o mesmo que o meu, nem o mesmo que foi o da minha mãe. Aliás, o parto da minha filha foi diferente do meu, já o relatei aqui no blog tb. Foi sim, um parto normal, humanizado, mas no hospital. Eu não queria viver a cena de filme que foi meu nascimento. Nem queria correr o risco de ter minha filha sozinha, sem dar tempo de o médico chegar. Corri pro hospital. O que quero dizer é que, às vezes, o seu parto ideal é uma cesárea. E tudo bem.
Muitas amigas me falaram: nossa eu lamento tanto não ter tido um parto normal, foi tão frio os médicos falando do dia a dia deles enquanto meu filho estava nascendo. A sala estava um frio com ar condicionado ligado.
Sim, essas coisas podem acontecer. Entretanto, o que quero dizer hoje aqui é que no seu processo gestacional, é importante que você busque se conhecer. Perceba seus anseios e limites. Converse com o seu obstetra de confiança, acredito que vocês tenham os mesmos valores. Se preparem juntos. Se seu obstetra não poderá realizar o seu parto, tente outro que você possa confiar de verdade. E o seu parto ideal, será o seu parto ideal. E o de mais ninguém.
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