Aos que acompanham o blog, toda primeira segunda-feria do mês nos permitimos escrever livremente sobre qualquer tema. Eu confesso que tentei buscar um tema que fosse dissociado da quarentena, mas n consegui. De alguma forma, o covid_19 não sai da minha cabeça.
Então me perguntei: o que mudou nesses 15 dias de distanciamento social. Afirmo distanciamento social porque vejo a dificuldade que as pessoas têm de fazer quarentena. É fácil julgarmos a Itália ou a Espanha por não terem conseguido manter seus povos em casa. Mas será que o brasileiro está conseguindo?
Moro em São Paulo e, honestamente, ainda vejo muitos carros na rua, o que indica pessoas se movimentando de um lado pra outro. Não apenas os carros, mas há muitas pessoas nas ruas, sem máscaras, nas feiras de rua, próximas umas a outras. Não há proteção.
E vejo também a convivência das famílias. É bem difícil fazer as crianças entenderem que não podem se aproximar. Mesmo as maiorezinhas não conseguem conter a energia interna de brincar. Fica a responsabilidade com os pais. E quem disse que esses pais também já não se cansaram de ficar em suas gaiolas? De repente, aquela saudade de conviver com os filhos já se torna novamente cansaço. As baterias internas não aguentam durante o mesmo período nem mesmo a mesma intensidade.
Essa semana, recebi um texto de autor desconhecido afirmando que não estamos no mesmo barco. E de fato não estamos, nem mesmo os membros de uma mesma casa (quiçá de uma mesma família). Aqui, minha filha quer ver as amigas, as borboletas, os passarinhos e correr no Sol; meu marido quer trabalhar e mostrar a empresa que o contrata que ele está atuando, preocupado em garantir a continuidade do serviço; eu, por minha vez, divido minha cabeça em mil: arrumar a casa; alimentação saudável para minha filha; tempo pra mim; oração; dar atenção ao marido; brincar com minha filha; dar atenção aos cachorros; cuidar das plantas; buscar fontes de renda; não incomodar outras pessoas com qualquer ansiedade que eu tenha; procura emprego; dá atenção aos amigos que precisam de uma palavra...corre de um lado...corre de outro...
Gente, mesmo com quarentena, não paramos de correr. As demandas não diminuíram, aumentaram! E uniram-se as preocupações a isso. Com isso, vejo que muitas pessoas não estão entendendo onde está o descompasso. Conversei com 3 amigos hoje e os três têm bastante demandas, têm o privilégio de ter uma vida financeira relativamente saudável, e os três estão desmotivados.
Sei que muitos leitores podem dizer: quem não têm do que reclamar, inventa. Mas eu não acho que seja isso. Tem algo a mais acontecendo. Parece que as pessoas, ainda que com pressa, estão sendo obrigadas a se olharem e se conhecerem melhor. Mesmo os que julgam, uma hora vão ter que perceber que não é julgando que se ajuda a resolver a quarentena.
Eu não tenho a solução. Ai só Deus. Mas se for preciso, pare. Se for preciso, ouça uma música, Se for preciso, deixe tudo pra trás e vá tomar um café naquele cantinho da casa que bate Sol. Se for preciso, experimente fazer uma aula de Yoga por videoconferência (eu escolhi esse caminho e estou adorando). Mas não julgue. Estou acreditando no melhor de cada um. Acreditando que quem está na rua, é por algum desespero interno ou pela benção da ignorância.
Assim, deixo o espaço de hoje para pedir o mais clichê de tudo: Se cuidem! Se cuidem como se cuida a quem se ama. Se cuidem pelo amanhã. Se cuidem pelas suas famílias. Se cuidem internamente. Se cuidem além de não saírem de casa.
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