Há meses venho dormindo mal. Eu sei que não ter boas noites de sono está vinculado diretamente a ser mãe de bebês, no entanto, há pelo menos 3 meses, Francisco acorda de 8 a 10 vezes na madrugada para mamar e, às vezes, ainda rola uma insônia (como na noite passada, quando ele acordou meia-noite e só voltou a dormir às 4 da manhã).
Por conta dessa rotina quase sem descanso, visto que trabalho como autônoma, acabo de concluir meu mestrado e sou mãe (além de cuidar da casa e me dedicar a outros projetos pessoais, como por exemplo, aprender a falar inglês) tenho passado por constantes picos de estresse. Turbulências emocionais mesmo.
O que sinto é um misto de culpa por não dar “conta do recado”, culpa por querer me dedicar mais ao Chico, culpa por querer trabalhar mais – ganhar mais dinheiro, culpa por querer viajar (com que tempo? Com qual dinheiro?). E nesse mar lamacento de culpa me vi sentada na mesa do chá de bebê do meu primo, aos prantos, entre uma coxinha e um pastel de carne.
Eu sei que a minha realidade pode ser melhor ou pior do que a de outras mães por aí. Sei que que é uma fase. Sei que tenho muito a agradecer e sei do principal: que a culpa não me leva a lugar nenhum. Mas o que eu faço com esse sentimento? De onde ele vem? Qual é a imagem de mãe que eu pintei para mim e porque não estou conseguindo atingi-la?
Eu não sei responder a estas perguntas. Ainda. Mas posso começar um caminho de investigação olhando para o que percebo e o que sinto com isso. A primeira reflexão que faço é o quanto precisamos nos distanciar do lugar de super heroína que nos colocaram, no qual o erro é imperdoável. E embarcando nessa viagem mental e de memórias, lembro dos meus primeiros anos na escola e do pavor que eu sentia em responder a alguma pergunta que o professor fazia. Puro medo de errar! Que coisa! De onde tiramos essa sentença de que errar é feio?
Não sei de onde veio esse diagnóstico, de que a única opção quando se corre um risco, é acertar. No entanto, na vida de criar filhos isso quase fica inatingível e pior, causa um baita sofrimento. Simplesmente porque cada criança tem uma maneira totalmente nova de encarar as cosias e nós, como adultos cuidadores destes pequenos não possuímos de antemão esta novidade. Não dá para prever o novo, gente! E sendo assim, não dá para cobrar acertos em 100% do tempo.
Eu já sabia disso tudo quando engravidei, mesmo assim, só relembrei dos pormenores, ontem, na sessão de psicoterapia que comecei. Saí de casa imbuída de colocar a máscara de oxigênio em mim para só então, oferecer o respiro para os que estão a minha volta. Ainda me falta o ar neste começo de dia (mesmo com o canto dos passarinhos na janela), mas já sinto alívio em sentir que posso encher os pulmões no mesmo instante em que eu os sinto vazios. É uma questão de respirar.
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