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Geração (Pós) Pandemia

Foto do escritor: Mestrado MaternidadeMestrado Maternidade

Por Lívia Macêdo


Você já se deu conta que seu filho faz parte da geração pandemia ou pós pandemia? Até a pouco, tínhamos a geração marcada pela tecnologia, pelo mundo digital. E agora, o que a geração marcada pela pandemia tem a nos dizer?


Eu venho pensando nisso há um tempo. Primeiro, porque quando a pandemia chegou ao Brasil, eu estava em fase de transição pessoal e profissional. Estava pensando em como retomar minha vida profissional e qual caminho eu escolheria. Estava me organizando, ganhando tempo com Maria na escola e resgatando os objetivos de vida que eu sempre havia perseguido. Uma coisa que eu sabia era que meu trabalho não poderia ser mais, apenas, viabilizar a venda e projetos de grandes empresas, sem que eu propósito de vida estivesse relacionado.


Eis que chegamos à situação da pandemia e com ela a grande pergunta é: o que é necessário para que outra pandemia não nos tome por completo como foi o caso dessa? De repente, vemos muitas lives sobre o mesmo assunto mais com diferentes abordagens. Economistas resgatam a falha econômica de não pensar o sistema de forma simbiótica. Psicólogos se vêem resgatando o eu de cada um, que foi esquecido em prol de sucessos determinados socialmente, junto com verdadeiros valores. O marketing por sua vez grita que apenas resultados financeiros afastados de impactos socioambientalmente positivos não têm mais espaço. E a educação? Com filhos afastados da escola, precisando de impulsos para se manterem motivados em frente a aulas virtuais? Para quem fica o papel de educa-los de verdade? Com quem sempre esteve: a família.


A pandemia, então, faz olharmos para nossas casas e desde agora mudarmos nossas pequenas atitudes. A posição comodista de deixar a educação para escola já não cabe mais. Buscamos escolas com área verde para nossos filhos correrem, mas, em casa, explicamos a eles porque a área verde é importante?


O que será de nós amanhã? Eu não sei. Mas enquanto podemos, aproximamos Maria de valores que já defendíamos. A família ganha espaço unida nas refeições com direito a oração de agradecimento pelo dia de hoje e pelo prato de comida a nossa frente. A limpeza da composteira é feita com a participação de Maria, que adorou ver a minhoca perto e saber que ela faz xixi e cocô para outras plantinhas rs. Por fim, ela me ajuda nas atividades domésticas como lavar os pratos, varrer a casa e até lavar as próprias fraldas (sim, eu uso fraldas de pano).







Eu não sei como será a geração pós pandemia. Não sei o quão diferente eles serão da minha geração que cresceu ouvindo que o Brasil é o país do futuro e achou que isso significasse apenas fazer dinheiro. O que eu sei é que nossas decisões hoje ganham a oportunidade de pensar no impacto para o amanhã. Assim, eu deixo aqui um convite à nós mesmas, mães, responsáveis pela educação de nossos filhos: formemos a geração marcada pela Covid19 para que não mais tenhamos pandemias devido aos erros da humanidade. Formemos uma geração que se preocupe não apenas com o seu próprio umbigo, mas que entenda que a vida precisa de um equilíbrio material, espiritual e ecossistêmico. Resgatemos nossas crenças de um bom mundo e façamos com que ela possa estar presente em nosso dia a dia.

 

[Diário de quarentena] Não sei falar sobre o futuro na pós-pandemia

Por Marcela Elisa

Já eram quase sessenta horas de trabalho parto, se eu não me engano. Eram tantas situações a cada momento, que minha capacidade de pensar era subtraída por momentos de lucidez tomando um belo sorvete e por gritos tão rasgados que a última coisa que senti, foi vergonha de quem pudesse ouvir. Dane-se.


Aquele instante em que ele apontou me dizendo que “o futuro a deus pertence” foi longe de ser mágico. Foi muito real. Não que a realidade não possa ser mágica, me expressei mal. Vamos de novo. Aquele momento foi um rompimento e um continuum mágico-aterrorizante. Claro que ao olharmos para a beleza que é gerar uma criança e a jogar no mundo com um push vigoroso, sentimos que chega quase ao gozo. E, paradoxalmente, se olharmos para o sangue, suor e lágrimas que acompanham esta estreia, saberemos que foi, no mínimo, dolorido. Assim foi o meu.


Não vou aqui ficar batendo na tecla do “aproveitem a quarentena para extrair o que tem de melhor”. Eu vivo o dia-a-dia reforçando para mim mesma “fique firme”, dando aquela respirada. Mesmo assim, seria mentiroso da minha parte se eu não dissesse que, sim, acredito que estamos caminhando para o novo. Não é o cruel e novo normal que a Vogue estampou junto com a Gisele Bundchen. Falo deste vir-a-ser que ouvi pela primeira vez nas saudosas conversas com meu orientador do mestrado, Eduardo.

...

Estou sentada escrevendo este texto há horas. Sei exatamente o que eu deveria escrever, mas não sai. A conversa já estava combinada pelo WhatsApp: “vamos falar sobre o que aprendemos com a pandemia”. Fico vasculhando a memória, relembrando nossa rotina, as palavras novas que Francisco fala, as novas noites (enfim) de sono e sinto que ainda pouco aprendi. Acho até muito cedo para ter aprendido algo. Estamos no meio do Rio Amazonas e não enxergamos a margem, aliás, parece um mar de água doce.


No entanto, faz pouco tempo, virei minha mesa de trabalho em cento e oitenta graus. Quando sentava olhando para a parede, via meu quadro de ideias/tarefas/prazos todo colorido com os nomes dos projetos e trabalhos. Há algum tempo, a mesa olha para o guarda-roupa com suas caixas empilhadas em cima. Ainda não gosto do que vejo, poderia estar mais organizado. Ainda assim, vejo a porta aberta (quando Chico não está em casa com suas risadas tentadoras) e a janela que, normalmente, está aberta. Só está fechada caso esteja, realmente, muito frio. A virada de mesa é aquele jargão que eu poderia usar agora e uso sorridente.


Quando Francisco nasceu e quando virei a mesa são momentos muito parecidos entre si. São potências de abertura, de possibilidades. Você não acredita nisso? Pergunte a alguém. Porque se posso dizer que aprendi algo desde que tudo isso começou (se é que não seja insulto chamar a pandemia em oportunidade de aprendizado), foi a importância de fazer o push na hora certa. De levantar, juntar a mesa nos braços e rodar. Pode ser que agora seja hora de pegar o bebê no colo e abraçar ou de sentar-me na cadeira giratória e me oferecer a serviço do outro.


Não vejo como sendo uma prática do novo mundo que está por vir, para mim ressoa muito mais como o colete salva-vidas enquanto nadamos rumo a alguma margem que nos traga um chão para pisar. E virá.



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