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Nós e o Corona

Foto do escritor: Mestrado MaternidadeMestrado Maternidade

Por Lívia Macêdo

Não estávamos preparados para isto. Tenho certeza que você também não estava. Mas um vírus chegou e mudou toda nossa vida.

Pois bem, o corona vírus chega aqui em casa em um momento que estávamos na dúvida se viajávamos de férias para outro País ou se íamos passar um tempo com os familiares da Bahia. Resultado: ficamos em São Paulo mesmo.


De repente, a vida nos fez olhar para nós mesmos. De repente, vamos viver a família e entender como ela realmente funciona. Ok, e o que isso significa na vida de uma família?


Significa que, da noite pro dia, temos o papai trabalhando em casa, que não temos mais a ajuda da faxineira, e que o espaço de brincar da neném se limita às nossas quatro paredes. E ainda bem que temos elas.


Tentamos ser o mais racional possível, mesmo nessa situação de incerteza e medo. A primeira medida que tomamos foi dividir as tarefas. O turno da manhã com Maria é da mamãe aqui. E o da tarde é do papai. Isso significa que fico com Maria da hora que ela acorda até a hora q ela dorme. Quando ela acorda, o pai pega. Ou seja, fico Maria até mais ou menos 13 ou 14h e o pai fica com ela a partir das 16h até às 19h.


Quando estou com Maria, tento ainda arrumar a casa, lavar os pratos e colocar roupas para lavar. O almoço é do papai, que pausa às 12h para cozinhar e almoçarmos. Quando consigo, adianto o arroz ou coloco os legumes para cozinhar pro almoço. Quando o papai está com ela, ele tenta dar a comida a ela, e cuidar dos cachorros. Às vezes, sobra pra mim também.


A divisão não é 100% igual, mas é o mais próximo do justo que conseguimos chegar. Vale lembrar que precisamos garantir que ele permaneça empregado até porque é a renda dele que sustenta a família.


Dentre as nossas medidas de proteção está sim, permanecer em casa. Às vezes saímos na frente de casa, para tomar um pouco de Sol e para acalmar o tédio de ficar em casa de Maria. Ela ainda não consegue entender tanta coisa. Com isso, garantimos também prolongamento da nossa sanidade mental. Impossível não sentir tantas mudanças.



Quanto a nossa querida faxineira, manteremos o pagamento enquanto pudermos. E não digo isso para dizer que somos melhor que outra pessoa. Mas para chamar a atenção para situação que estamos vivendo;


- poderíamos ter ido pra Bahia. Não fomos por receio de pegarmos o vírus mesmo que no caminho e contaminar outras pessoas como nossos queridos familiares.


- poderíamos aproveitar que estamos em família e tentar fazer mais passeios para distrair. Também não fazemos para evitar a contaminação. O máximo que fazemos é ir na praça literalmente na frente de casa para levar os cachorros para urinar e defecar enquanto tomamos 5 minutos de Sol. Mesmo isso, só é feito quando olhamos de casa e garantimos não ter outras pessoas. No caminho, não tocamos em nada, nem mesmo no portão, que é eletrônico.


- poderíamos também ter economizado já que nossa faxineira foi dispensada. Não fizemos isso por que não é humano deixar alguém que cuida da nossa família sem dinheiro por uma crise mundial. Sabemos que isso não é garantido por longo tempo. Mas enquanto pudermos, faremos.


E para nossa filha, como falamos de tudo isso? Ela só tem 2 anos (mês que vem ainda). Ela se acostumou a lavar mais as mãos e a usar álcool. Aos poucos está entendendo que as coisas são sujas e que por isso precisamos nos limpar cada vez mais. Ao mesmo tempo, ela está vendo que papai e mamãe precisam trabalhar, seja com a porta fechada (e ai ela mesmo fala: fecha porta, papai, trabalhar), seja em casa, lavando pratos, limpando a casa ou fazendo comida.


Confesso que ainda estamos sem saber onde tudo isso vai parar. Ainda me pergunto: será que aprendemos o que temos que aprender com esse vírus? Será que nosso modo de vida está adequado? E como passar isso para nossas crianças?


Realmente, não estávamos e ainda não estamos preparados para tudo isso. Mas também, há tempos pedíamos uma ajuda do Universo para aprendermos a viver de outra forma. E, por fim, confesso que estar em família não é de todo ruim e desejamos que essa energia se espalhe, cuidando de todos aqueles certamente impactados pelas condições que o vírus trouxe.

 

Nossa nova rotina

Por Marina Oliveira


Uma vez li em alguma entrevista "temos que ter cuidado com o que desejamos". Não há verdade maior. Eu desejava mais tempo em casa. Desejava mais tempo com minha filha. Desejava fazer home office. Desejava o fim do trânsito de São Paulo, da muvuca nas ruas da lapa e 25 de março.

De repente, temos tudo isso ao mesmo tempo, mas a que preço...

É claro que a situação que o coronavírus nos causa hoje está longe de ser a que desejávamos. Ainda assim, acredito (e espero) que nos sirva de aprendizado para valorizar cada momento bom de nosso dia que tantas vezes passa batido ou até mesmo reclamamos: o caminho para o trabalho, o encontro com os colegas, a volta pra casa, a música no trânsito, a liberdade de ir e vir, a ausência do medo...

Essa semana comecei o home office. Saímos esporadicamente como que para nos preparar para o pior. Deixamos o tanque cheio, compramos o essencial. Estoque mesmo só fralda e leite da Lais. Achamos o último vidro de álcool em gel, cancelamos os últimos compromissos, a viagem que faríamos esse fim de semana...enfim. Estamos prontos! Prontos para nos desconectar de qualquer contato social.


Minha maior angústia: não ver meus pais, a Lais perguntando dos avós sem entender o que acontece, não ter a certeza de que ficarão isentos, não ter a certeza de quanto tempo tudo isso pode durar, enfim, a incerteza.


Que Deus nos proteja e nos guarde.

 

Coronavírus: quando minha vida virou de cabeça para cima

Por Marcela Elisa


Quando o tema Covid-19 foi sugerido para compor os textos do Mestrado Maternidade, logo imaginei que seriam palavras de desalento e medo. Sim, também há estes momentos de “sem saída”, seja pelo inimigo oculto estar andando entre a gente, seja pelas consequências que ele causa: doença, falta de trabalho, falta de grana, morte. Aliás, agora mesmo um contrato de trabalho foi cancelado comigo.


Mesmo diante deste cenário cinzento, ainda tenho fôlego para olhar pela janela do meu escritório, com a planta nascendo no parapeito e a roupa do meu companheiro Pedro pendurada no varal e sentir: estamos caminhando para algo inimaginavelmente maravilhoso. E não é conversa para boi dormir.




Desde o dia em que começou a quarentena, há exatos 7 dias atrás, estamos vivendo aqui em casa em um ritmo que desejei há muito tempo. Há dias em que comemos besteira, outros que dormimos todos em colchões na sala. Há dias em que tomamos um sol pela manhã, outros em que ficamos todos juntinhos sem fazer nada. Há dias em que trabalhamos enquanto o Francisco dorme, em outros minha mãe cuida dele (aliás, ter minha mãe em casa é um capítulo à parte do prazer em estar nesse isolamento). Mas, Marcela, e o medo?


Bom, por conta do medo, voltei a fazer ioga todos os dias por videoconferência com minha professora amada que foi embora para outra cidade. Por conta da ansiedade, voltei a rezar no meu altar quase que diariamente. Pela possibilidade iminente de ser contaminada por esse vírus, voltamos a consumir comida orgânica para fortalecer nossa saúde e bem-estar.


Mas, Marcela, e a economia indo pro saco? É aí que a coisa pega!


Bom, por causa de dois contratos de trabalho cancelados, nossa renda mensal caiu muito! Temos uma margem mínima de segurança que durará talvez dois ou três meses. Por causa disso, voltamos a fazer nosso planejamento financeiro e cortamos tudo o que é desnecessário e ainda colocamos um sonho material (nossa viagem para a Bahia que aconteceria exatamente hoje) no final da linha para que não percamos o rumo que gostaríamos de seguir.


E sabe o que de mais impressionante aconteceu? Os dois trabalhos que acabaram eram aqueles que eu não tinha tanto tesão em fazer. Sabe o que isso significa? Terei tempo para estudar e fortalecer o trabalho que eu realmente quero oferecer depois que esse caos terminar.


Por fim, minha gente, é claro que eu sei que ocupo um lugar de privilégio neste momento. Óbvio! Eu tenho uma casa, alguma comida, algum dinheiro e as pessoas que amo ao meu lado. E internet (glória!!).


No mais, o que posso fazer neste momento, é cuidar daquilo que está ao meu alcance material e emocional. Posso não parar de pagar a babá que cuidava do meu pequeno. Posso ser escuta para amigxs que estejam atravessando dias ruins. Posso nutrir a mim mesma e aos que estão perto de mim com sentimentos de confiança e amor. É o que consigo agora.


Então, queridxs, estejam firmes. Vai passar. E enquanto não passa, não podemos fugir. É melhor encararmos com bravura e olhos que enxergam longe.


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