Por Taíssa Lôbo
Amamentar em livre demanda foi sempre um sonho, além de ter consciência de que o leite materno é o melhor alimento para o bebê. Durante a gestação me preparei para este desafio. Tomei sol nas mamas; comprei pomada de lanolina; anotei telefones de empresas especializadas em auxiliar as mamães na amamentação, em caso de urgência; comprei bomba de tirar leite; potes de armazenamento; enfim, estava pronta para o que desse e viesse.
O desafio começou no segundo dia de amamentação, quando eu já sentia muita dor e as rachaduras começavam a aparecer em minhas mamas. Lá para o quinto dia, era leite e sangue que alimentavam meu bebê. Assustador, mas sabia que ia passar e, por isso, não desisti. Talvez a pega estivesse errada, talvez eu não tivesse tomado sol suficiente, ou talvez isso fosse normal, mas todos me diziam que era assim até calejar!
Desafio superado e eu já amamentava com prazer. Mas, esse prazer não durou muito tempo. Lá para o final do primeiro mês, meu filho chorava muito e, quando eu colocava ele no meu peito, percebia que não havia quantidade de leite suficiente para saciar a demanda dele. O intervalo entre uma mamada e outra era curta e não sentia meu peito cheio. Daí veio aquele pensamento: não tenho leite suficiente para suprir a fome de meu filho. Mas, não queria acreditar nisso e continuei tentando.
Até que diante da cena de ver meu filho chorando no meu peito pensei: a amamentação deve ser prazerosa pra ambas as partes. Quando dei a mamadeira pra meu filho e ele se calou, tomando aquele leite na maior satisfação e saciando sua fome, a paz reinou naquela casa. Ele parou de chorar, mas quem chorou foi eu. Chorei por saber que meu leite não era mais suficiente para meu filho. Chorei por não estar dando a ele o melhor alimento. Ele não sabe disso. Preciso de ajuda! Foi aí que pedi auxílio a uma enfermeira especializada em amamentação, e ela foi até minha casa para uma consulta. Depois de conversarmos a solução era a relactação. Processo bastante esquisito e trabalhoso. Ela me alertou: você precisa ter paciência e persistência.
Algumas pessoas me falavam: pra que você quer ser uma mãe perfeita? Simplifica a vida, Taíssa! Agradeça por existir leite formulado! Você bebeu esse leite e está aí forte!
Eu sabia que esse processo novo de relactação não seria fácil, talvez nem desse certo, mas eu aceitei o desafio porque faria de tudo para dar o melhor ao meu filho. E, claro, com o apoio de meu marido e de meus pais, me senti forte para não desistir. A relactação é você colocar seu leite (ou formulado) num copinho e uma sonda do copinho até o bico de seu peito. Quando o bebê fosse ao peito e fizesse a sucção, de logo, ele sentiria o leite.
Meu bebê não tinha mais prazer com a textura do meu peito porque ele sabia que ali teria que sugar por um tempo até o leite chegar. Ele tinha prazer com o bico do silicone da mamadeira porque ali logo sentia o leite em sua boca. Então, com a relactação ele foi aceitando mais meu peito, e com isso, estimulando ainda mais minha produção. Foi muito trabalhoso e cansativo porque esse processo era feito durante 24 horas por dia, sempre que eu tivesse que amamentar. Imagine na madrugada, o bebê chorando e eu tendo que me posicionar com copinho, sonda! Nem sempre dava certo. Ainda usei a mamadeira, mas numa quantidade de vezes bem menor.
Com o tempo minha produção foi aumentando, eu pegava a prática com a sonda e foi dando certo. Ufa!! Quem disse? Não acabou por aí. Chega uma hora em que o bebê percebe que existe uma sonda alí, e isso é um aviso de que está na hora de tirar a sonda. Mais um desafio: tirar a sonda e rezar pra eu ter leite suficiente no meu peito. Meu filho não criou o hábito de fazer a sucção para esperar a maior quantidade de leite ser produzida. Então, eu tive a ideia de, com o auxílio da bomba, ela fazia esse trabalho de estimular minha produção, e quando eu sentia que o leite estava vindo, tirava a bomba e oferecia meu peito pronto e cheio de leite pra ele. Com o passar dos dias a bomba foi deixada de lado e eu conseguia amamentar meu filho tranquilamente, somente eu e ele e mais nada.
Onde foi que eu errei? Acredito que não exista o certo e o errado quando se fala em amamentação. Cada uma de nós sabe o que é melhor pro nosso bebê e para a nossa família. Cada mãe tem uma rotina, pessoas para ajudar ou não. Cada mãe pensa diferentemente. E temos que respeitar a todas. Amamentei meu filho até 1 ano e 4 meses, quando ele queria brincar e morder meu peito sempre que eu o ofertava. Não me procurava mais para mamar. Não criou chameguinho. Chegou a hora da despedida. Conclui esse desafio feliz e satisfeita por ter persistido nesta caminhada, por saber que alimentei meu filho com meu corpo, com o alimento mais importante para a saúde dele.
Taíssa Lôbo
Taíssa Lobo tem 37 anos, mãe de Davi de 1 ano e 8 meses, casada com Wadih, formada em Publicidade e Propaganda, proprietária da agência de viagens Panorâmica Turismo e atualmente mora em Itabuna/Ba. Apaixonada por crianças e educação infantil. Ama viajar e curtir seus dias livres com a família e amigos.
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